terça-feira, 3 de março de 2015

Sertanejo José Rico morre aos 68 anos vítima de um infarto

O sertanejo José Rico, da dupla Milionário e José Rico, faleceu nesta terça-feira (3/3) após complicações no coração, rins e joelho.

De acordo com informações do escritório da dupla, José Rico foi internado já na manha desta segunda-feira em uma unidade de saúde em Americana, no interior de São Paulo. No início da tarde de hoje, o cantor teve um infarto e morreu.

“Vamos rezar por este homem que tanta alegria nos deu. É impossível descrever nossa tristeza, estamos todos em estado de choque”, diz o comunicado divulgado na conta oficial da dupla no Facebook.



Milionário e José Rico - Biografia

Romeu Januário de Matos, o Milionário, nasceu em Monte Santo, estado de Minas Gerais, no dia 04/01/1940, contando hoje com 68 anos.
Romeu foi pedreiro, garçom e pintor de parede e encontrou inspiração musical em sua própria mãe, observando-a cantar. Aprendeu Música de ouvido, não tendo estudado em nenhuma escola. Em 1970, Romeu foi para a cidade de São Paulo, capital do estado de São Paulo, para tentar sucesso na carreira de cantor, e foi hospedar-se no Hotel dos Artistas, onde artistas anônimos ficavam hospedados em busca da realização de um sonho, e se apresentavam em locais como circos para irem sobrevivendo.
José Alves dos Santos, o José Rico, nasceu em São José do Belmonte, estado de Pernambuco no dia 29/06/1946, contando hoje com 61 anos. Por ter sido criado na cidade de Terra Rica, no estado do Paraná desde os dois anos de idade, acabou adotando, e registrando em Cartório, o nome José Rico Alves dos Santos, em alusão à cidade paranaense onde viveu sua infância. O apelido foi inventado por um padre, ainda durante a infância de José Rico.
José Rico era apaixonado e fiel ouvinte da música sertaneja desde criança e sempre gostou das músicas de intérpretes do quilate de Tião Carreiro & Pardinho, Pedro Bento & Zé da Estrada, Zico & Zeca, Liu & Léu e também Tibagi & Miltinho.
José Rico, sempre tentou igualar a sonoridade de Miltinho Rodrigues e, apesar da tão característica entonação de sua voz, jamais abandonou o tom de voz do célebre companheiro de dupla de Tibagi.
José Rico também chegou a sonhar com a carreira de jogador de futebol, tendo jogado em pequenos times de pouca expressão. Uma contusão que ele sofreu aos 18 anos obrigou-o a desistir dos gramados. A opção seguinte foi a carreira musical.
Também em 1970, foi para a cidade de São Paulo, e coincidentemente também hospedou-se no Hotel dos Artistas, o destino estava tramando o grande encontro. E não deu outra, em 1970, quando os dois se encontraram, no Hotel, ao serem apresentados, José Rico dizendo seu nome a Romeu, pois já tinha o apelido de José Rico, Romeu disse a ele se você é o José Rico, eu sou o Milionário, e naquele momento, o destino já havia preparado o que todos iriam conhecer a partir de 1973.
O nome de Milionário foi para combinar com o nome do novo companheiro. A idéia na verdade foi inspirada no nome do famosíssimo Carnê Milionário do Baú da Felicidade, do Grupo Sílvio Santos.
Tanto Romeu como José Alves já haviam formado diversas duplas. José Rico foi na verdade o nono parceiro que Romeu conheceu, visto que este, desde criança, já cantava, ainda em sua cidade natal. José Rico, por outro lado, atuava num trio com dois Violões e um Acordeon e se apresentava num programa da Rádio Tupi.
Ao conhecer Romeu, José Rico não teve dúvidas: deixou o trio e formou a nova dupla, cuja carreira teve seu início efetivo no ano de 1970, com a gravação do primeiro disco, intitulado Matéria Paga.
Início difícil. Não tinham divulgação nem apoio. Milionário e José Rico, no entanto, não desanimaram e foram levando o disco de emissora em emissora, por conta própria. A gravação do disco foi fiada, com um empréstimo em dinheiro que José Rico conseguiu de um amigo.
Após algumas dificuldades na Paulicéia Desvairada, sem grandes resultados, Milionário e José Rico resolveram atuar em Londrina, estado do Paraná, onde passaram a cantar num estúdio de gravação de jingles comerciais.
Após alguns compactos e três LPs que passaram despercibidos (na gravadora Califórnia), gravaram então em 1973 o primeiro LP pela Continental/Chantecler, gravadora à qual eles foram apresentados pelo compositor Prado Júnior que também trabalhava na produção de jingles.
Esse LP, de início, vendeu pouco (apenas 700 cópias em 1973) e a Chantecler não queria que a dupla continuasse no elenco da gravadora, apesar da insistência de Brás Biaggio Baccarin que defendeu com unhas e dentes a permanência deles, pois tinha certeza de que os ventos mudariam.
De fato, após alguns meses, a vendagem havia subido para cerca de 7000 cópias. Destaque no primeiro LP para as músicas Inversão de Valores (Prado Júnior - João Armando Perrupato), De Longe Também Se Ama (José Rico - Jair Silva Cabral), Paraná Querido (Paulinho Gama - Goiá) e Coração de Pedra (Belmiro).
A dupla chegou a pensar em desistir, já que Música não garantia o sustento. Na Chantecler, chegaram a lhes oferecer dinheiro para que eles parassem.
No filme Na Estrada da Vida, tem uma passagem interessante, no Santuário de Aparecida, Milionário e José Rico adentraram na Igreja, e pediram para que a Santa se tornasse a Chefe, e como não tinham nada para lhe oferecer, deixaram um disco no altar. O Padre, deparou-se com o disco e imaginou que quem tinha deixado o disco na Igreja não precisava de nada, e mandou entregar o disco na rádio de Aparecida, o locutor resolveu tocar o disco. A partir desse momento, Nossa Senhora Aparecida já era a Chefe da dupla.
No entanto, após o sucesso alcançado com o primeiro LP, Milionário e José Rico já haviam sido contratados pela Continental/Chantecler, gravadora que acabou sendo responsável pela quase totalidade dos discos da dupla. E em 1975, gravaram o Volume 2, intitulado Ilusão Perdida que é, por sinal, o disco preferido do Milionário! Destaque para Ilusão Perdida (Milionário - José Rico) e Dê Amor Para Quem Te Ama (José Rico - Peão Carreiro).
Vieram depois, o Volume 3, entitulado Livro Da Vida, em 1976, e o Volume 4, com o título de As Gargantas De Ouro Do Brasil, em 1977, e o sucesso da dupla cada vez era maior. E ainda no mesmo ano de 1977, eles conheceram a consagração definitiva, com o estrondoso sucesso da Canção Rancheira Estrada da Vida, de autoria do próprio José Rico, que foi faixa-título do LP Volume 5 (capa do LP acima e à direita), e é sem dúvida, o maior sucesso da dupla.
A música Estrada da Vida proporcionou a venda de mais de dois milhões de cópias e originou o roteiro do filme Na Estrada da Vida, baseado na própria vida dos integrantes da dupla e dirigido por Nelson Pereira dos Santos, onde Milionário e José Rico interpretam eles próprios.
Com sucesso enorme em todo o Brasil, o filme Na Estrada da Vida conquistou o primeiro lugar no Festival Internacional de Filmes de Brasília e foi vendido para diversos países, inclusive a China. Milionário e José Rico foram convidados pelo Governo Chinês a se apresentarem naquele país no ano de 1985, uma excursão que durou um mês, num Intercâmbio Cultural, no qual a dupla foi mostrar sua música para o outro lado do mundo. Milionário & José Rico foi a primeira dupla brasileira que visitou esse país!
Em 1987, Milionário e José Rico estrelaram mais dois filmes Levando a Vida e Sonhei Com Você, apesar dos mesmos não terem obtido o mesmo êxito que Na Estrada da Vida.
O gosto de José Rico pela Música Gaúcha, além das Músicas Cigana, Paraguaia e Mexicana, fez com que a dupla acabasse somando tais influências, resultando no som tão inconfundível e peculiar da dupla, de personalidade única e com repertório que engloba diversos estilos tais como Guarânias, Polcas, Canções Rancheiras, Valsas, Boleros, Huapangos, Corridos, Rasqueados, Milongas, Modas Campeiras, etc.
Notável também é o acompanhamento com Trompetes, Violinos, Harpas Paraguaias e diversos instrumentos musicais inusitados até então para a Música Sertaneja. Isso sem falar também na influência mexicana (já vista antes em duplas como Pedro Bento & Zé da Estrada, Belmonte & Amaraí e Tibagi & Miltinho).
A dupla prosseguia com sucesso cada vez maior, com a excelente voz grave do Milionário e os falsetes e vibratos naturais do José Rico e também com suas vestimentas peculiares: Milionário com seu chapelão de cowboy e camisa aberta deixando aparecer as correntes de ouro, enquanto José Rico com sua característica barba e cabeleira, além dos óculos escuros, anéis e crucifixos! E pensar que, para Brás Biaggio Baccarin (grande incentivador da dupla e que os manteve na Chantecler, apesar dos protestos da gravadora), o único problema da dupla estaria nos nomes: ... se a dupla fizesse sucesso, eles cairiam bem; do contrário, ficariam ridículos, seria uma gozação danada....

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